Publiquei esta fotografia, tirada durante a viagem a Montepuez que provocou a criação e manutenção do blog a ilustrar este post.
Na foto abaixo, pode ver-se o mesmo campo durante uma partida de futebol em que uma das equipas era, certamente, o Clube Atlético de Montepuez.
O Clube era o centro social por excelência, como quase sempre acontece em terras pequenas.
Nele se organizavam as festas, se praticavam jogos (cartas, bilhar, "quinos", etc.), no seu bar se cavaqueava (salvo seja...) animadamente.
A criançada também se divertia e, a certa altura, não sei bem porquê, a Escola Primária chegou a funcionar nas instalações do Clube.
Quando os tempos não iam de feição, acontecia ser algo difícil reunir nomes suficientes e vontades bastantes para compor Direcções.
Nem sempre, embora mandassem as praxes que ninguém fizesse campanha eleitoral ou, sequer, anunciasse interesse em exercer qualquer cargo.
O direito de usufruir das instalações e amenidades do Clube estavam reservados aos brancos.
Na minha primeira infância, esse facto era, para mim, um dado adquirido, uma situação natural que não merecia contestação ou espanto.
Só mais tarde, quando espírito crítico e sensibilidade trazidos pela adolescência começaram a despertar-me para a feia realidade da sociedade colonial, é que me senti agredido por essas situações.
A discriminação praticada no Clube merecia uma excepção: a partir de certa altura, alguns negros, desde que fossem "bons de bola", podiam ser incluídos na equipa de futebol.
Mas nunca, nunca, serem, por exemplo, capitães da equipa!
Imaginem, que tolice!...
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