Regresso de um país onde, durante mais de dois anos, fui, entre 1999 e 2001, espectador (e, por vezes, actor) de um dos períodos mais conturbados e violentos da sua vida como país independente.
A Guiné-Bissau, como toda a África Ocidental, tem sido palco de convulsões de toda a espécie, violências inauditas, guerras civis (e outras...) sangrentas, verdadeiros sismos políticos e sociais que a dilaceram, empobrecem e lentamente consomem.
As causas deste estado de coisas são complexas e muito variadas e é necessário resistir ao facilitismo de procurar reduzi-las a um ou dois motivos, as mais das vezes caricaturais e preconceituosas.
Trata-se de uma região com uma História rica e antiquíssima, berço de impérios sofisticados, campo de batalha de etnias, culturas e religiões, cujos recursos - desde escravos a diamantes...- sempre atraíram as cobiças e ambições de conquistadores e aventureiros.
A Guiné-Bissau, minúscula embora, é um peão essencial de um jogo internacional em que os jogadores são muitos, as regras frequentemente infringidas e as jogadas nunca são claras.
É, também, um país fascinante e belíssimo, ao qual se adequa plenamente o chavão/lugar comum da "magia africana" e onde se concentram algumas das mais singulares belezas e características de África.
Por fim, é bom lembrar que a sua luta pela Liberdade e pela Independência, sob a condução de um dos mais brilhantes, carismáticos e admiráveis dirigentes africanos do século XX, despertou ondas de solidariedade e esperança que os anos mais recentes tragicamente vieram a estancar.
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