2.3.12

A "asiática"

As gerações mais novas não fazem ideia do que foi a grande epidemia da "gripe asiática" nem do pânico universal que ela despoletou.
As viagens aéreas tinham começado a ser acessíveis a grandes massas de pessoas, as comunicações por Rádio e TSF acompanhavam o tremendo progresso tecnológico do pós-guerra e, assim, a onda de alarmismo, que precedia a da gripe propriamente dita, disseminou-se a uma velocidade então inédita.  
A gripe foi, na primeira fase, detectada na China,em 1957, assim como aí foi isolado o vírus responsável.
Calcula-se que tenha havido cerca de 2 milhões de mortos e, segundo a OMS, 80% da população podem ter sido atingidos (como aconteceu comigo) o que, proporcionalmente, equivaleria hoje a 6 milhões, tendo em conta o acréscimo da população mundial.
Mesmo assim, a dimensão desse surto não é comparável à da "gripe espanhola" que grassou durante a Guerra de 14/18 e que fez 20 milhões de mortos!
É certo que as gigantescas hecatombes que têm sido profetizadas a propósito de pandemias como a das "vacas loucas", da "gripe das aves" ou da "gripe suína" não têm passado de foguetes de pólvora molhada.
Estão, de resto, por deslindar a origem, responsáveis e objectivos de tais "campanhas" que, além de poderem  fazer o papel de Pedro em relação ao Lobo, criam terreno propício a teorias da conspiração, tanto mais atractivas quanto, de facto, deixam perplexas larguíssimas camadas da população.
Mas a "asiática", como era familiarmente tratada a epidemia, foi real e grassou por vários anos, deixando um longo estendal de mortes.
Chegou à Europa vinda da América Latina mas, por infeliz coincidência, julga-se que o primeiro portador a infectar alguém em Portugal, tenha sido um passageiro do paquete Moçambique.

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