22.10.11

A primeira bicicleta



Era uma "Hércules" prateada e tinha sonhado com ela durante tempos infindos.
Ao fim de alguns dias, não tinha travões; nada que a sola do sapato (ou do próprio pé descalço) firmemente aplicado no pneu traseiro não pudesse remediar:
A foto foi tirada no Natupile, como indica a linha da serra, ao fundo:

Mas foi em Montepuez que fiz a primeira vítima: descia a toda a velocidade (e sem travões) vindo Nepara: À falta da campainha, recorria aos aos gritos de aviso para aconselhar alguma prudência a quem estivesse na minha imparável trajectória.
Um adulto mais imprudente, ou mais confiante no meu domínio da máquina, manteve imperturbável o seu caminho. A pressão da sola sobre o pneu traseiro era insuficiente para parar a "ginga" e só acentuava o descontrolo.
O inevitável aconteceu e a colisão deu-se!
Bicicleta para um lado, ciclista para o outro, vítima também no chão.
Ainda tentava determinar se havia ferimento mais grave quando me senti puxado por baixo do braço para ser levantado e levei uma sonora bofetada do transeunte atropelado.
Não foi tanto a dor física como a enorme humilhação.
Nunca esqueci essa bofetada e nunca perdoei ao agressor, apesar de várias tentativas da parte dele para fazer piada sobre o incidente, em implícitos pedidos de desculpa.
Continua a ter direito ao meu eterno ódio.

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