16.1.12

Errâncias III



O Sulemane comigo ao colo (detalhe de uma foto) 
O Sulemane acompanhou-me durante toda a minha infância.
Estava encarregado de velar pela minha segurança, em primeiro lugar, mas também pelo meu bem-estar. Encargos pesados, que incluíam defender-me de outros e outras coisas e de mim próprio, assegurar-se de que a alimentação era minimamente aceitável (evitar, por exemplo, que metesse na boca objectos ou materiais inadequados…), tarefas, enfim, de alta responsabilidade e de execução nem sempre fácil.
O Sulemane fazia tudo isto com bonomia, um permanente sorriso e uma dedicação total.
Foi envelhecendo ao meu lado, sempre presente e sempre protector.
Era muçulmano (o nome, corruptela do arábico Suleimane que, por sua vez, traduz o nome Salomão) embora, na época, isso nada significasse para mim.
Deixei de vê-lo, se bem me recordo, quando vim para Portugal e para o Colégio de Stº. Tirso, nos idos dos anos cinquenta.
Terá morrido por essa altura.
Ao longo da minha vida, pensei muitas vezes nele. Sempre com saudade.

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