A propósito de um post anterior, o meu primo Lelo enviou-me a mensagem:
"Vou tentar fazer um pequeno
comentário a propósito do busto do Churchill, de quem o teu pai era, sem
dúvida, um admirador. Lembro-me de com ele conversar, nos anos anteriores à sua
ida para Portugal, a propósito do Churchill, sobre o que poderia ser o melhor
sistema político para Moçambique. Como te recordas, estavamos em plena época da
declaração do regime marxista por decreto, o que o deixava, obviamente,
bastante inquieto. Para mim era ainda o tempo das ilusões, mas, na verdade já
menos entusiasta do que antes. Após algumas conversas, e de novo regressado de
Montepuez, trouxe-me três livros dos discursos do Churchill, cuja leitura me
recomendou. Interrogo-me agora se não terás sido tu que lhos trouxeste numa das
tuas férias? Lembrei-me agora de os procurara, pois estão dentro deuma caixa de
arquivo juntamente com outros livros a necessitar de restauração. Estão já
muito amarelecidos e com as folhas quase todas soltas. Mas, estão protegidos! O
que era para mim interessante era como ele defendia então a democracia tal como
era interpretada pelo Churchill."
O meu Pai não era o que, na altura, chamaríamos um "democrata" nem sequer um "oposicionista". Mas era um Homem excepcionalmente culto e, sobretudo, de muito boa formação moral.
Durante a Guerra, "por ódio ao boche" como ali escrevi, mas também por amor à "sua" França, brutalmente violentada pela besta nazi, não hesitou por um momento, ao contrário do Governo português, em defender os Aliados e o seu líder e inspirador Winston Churchil e passou, também, a apreciar o General De Gaulle, dirigente da "França Livre".
Desta admiração fui testemunha, então já capaz de entender a política e os seus desenvolvimentos, em 1958, quando, na sequência do "Golpe dos Generais" de Argel, De Gaulle voltou "aux affaires", como dizia.
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