9.11.11

Montepuez na Grande Guerra - V

Metralhadora alemã


Transcrevo alguamas passagens da obra do General Lettow-Vorbeck, 
As Minhas Memórias da África Oriental
, que foi traduzida, em 1923, por Abílio Pais de Ramos:


“O destacamento de Wahle, que nos havia seguido de Chirumba para Mtende, foi isolado por diversas companhias inimigas que apareceram inesperadamente numa posição à sua retaguarda, e que interromperam os serviços de ligação e transportes. 0 General Wahle desembaraçou-se engenhosamente desta situação desconfortável, e conseguiu aproximar-se mais do Quartel General, em Nanungu.
Encontrámos aqui víveres em abundância e recomeçámos o estabelecimento de postos de racionamento e depósitos de géneros na região entre Nanungu e Namuna, e ainda mais para o sul. Havia muito boa caça, e os indígenas apresentavam-se voluntariamente com os produtos das hortas e com mel, para os trocarem por fato e por carne. Apareceram muito a tempo uns frutos muito doces que amadureciam aos milhões em Nanungu. Eu preferia come-los em conserva. Ainda encontrámos outras especialidades, como por exemplo, tubaras O cantar dos galos proclamava bem alto e a distancia a existência de ovos e galináceos pelo campo.”

Nota: Nanungu é, certamente, o NUNGO, a localidae relativamente próxima de Mocímbua; e Namuna, não tenho dúvidas, correponde a Namuno, há trinta anos um Posto Administrativo pertencente a Montepuez e hoje o Distrito do mesmo nome, onde o meu Tio Júlio Ferreira tinha uma machamba.

“Em 5 de Dezembro, o Capitão Koehl, com 5 companhias, uma peça e uma coluna de munições, partiu de Nangwale em direcção ao distrito de Mwalia-Médo. Quanto a mim, continuei a marcha pelo Ludjenda.”

Nota: Já aqui falei do Régulo Mualia e da sua região, na qual estava situada a machamba do meu Pai, o Natupile. Tenho, agora, a confirmação de que as tropas alemãs tinham estado na zona do Natupile (e, talvez, aí tivessem decorrido combates ou escaramuças), o que, segundo julgo (mas não juro…), penso ter ouvido referir ao meu Pai.

“O início da estação das chuvas não coincidiu bem com a precisão dos indígenas. Houve algumas bátegas de água violentas, mas esta escoava-se rapidamente para o rio Msalu, a principal linha de água da região, que em pouco tempo se encheu por forma a constituir um obstáculo forte.
(…)
Encontrámos aqui víveres em abundância e recomeçámos o estabelecimento de postos de racionamento e depósitos de géneros na região entre Nanungu e Namuna, e ainda mais para o sul. Havia muito boa caça, e os indígenas apresentavam-se voluntariamente com os produtos das hortas e com mel, para os trocarem por fato e por carne. Apareceram muito a tempo uns frutos muito doces que amadureciam aos milhões em Nanungu. Eu preferia come-los em conserva. Ainda encontrámos outras especialidades, como por exemplo, tubaras O cantar dos galos proclamava bem alto e a distancia a existência de ovos e galináceos pelo campo.”

Nota: De novo, referências ao Nungo e a Namuno. E, agora, aparece o Rio Msalu, o “nosso” Messalo que corre junto ao Nairoto. Aí houer, certamente, combates. E lembro-me bem (assim como o meu irmão Turita), de uma enorme caverna não natural escavada na parede de um desses colosssos granítico que emergem do solo na região; e recordo-me que “sabiamos” que tinha sido “um tiro de canhão” o que causara o fenómeno.

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