Como disse Proust, "a melhor parte da nossa memória está (...) fora de nós. Está num ar de chuva, num cheiro a quarto fechado ou no de um primeiro fogaréu, seja onde for que de nós mesmos encontremos aquilo que a nossa inteligência pusera de parte, a última reserva do passado, a melhor, aquela que, quando se esgotam todas as outras, sabe ainda fazer-nos chorar".
30.8.11
Gulamhussein
O prédio Gulamhussein, outrora símbolo do progresso de Montepuez, uma espécie de maravilha arquitectónica da vila (cidade, por favor)...
Os primos Junqueiro
Com os meus primos Junqueiro (João e José e descendência), netos (pelas contas de cabeça que faço) daquele Manuel Saraiva Junqueiro, pioneiro do cultivo do chá na serra Namuli, em homenagem a quem o Gurué foi crismado, no fim dos anos quarenta do século passado, como “Vila Junqueiro.
Era primo direito da minha avó e, como ela, originário de Freixo de Espada à Cinta e familiar do poeta do “Finis Patriae”.
Os primos Junqueiro continuam em Montepuez, contra ventos e marés – ou levados por ventos e marés – aparentemente felizes e de boa saúde.
29.8.11
24.8.11
Zavala
O "Zavala", imorredoura criação do Junqueiro, o mais frequentado estabelecimento do "Montepuez by night", que merece de um blogger moçambicano este reparo, pleno de nostalgia e ternura:
É obra!!!
17.8.11
A Missão
A Missão funcionava, para nós, um pouco como um subúrbio, uma outra povoação, onde se ia de vez em quando, muito mais ordenada e airosa do que a vila onde morávamos. Tinha ruas bem delineadas, bermas ajardinadas e imperava a limpeza.
Julgo que também era motivo de secreto espanto que os meninos negros andassem tão bem vestidos e frequentassem uma escola, tal qual como (se não de melhor aspecto) a nossa.
E é essa, sem dúvida, a mais importante e positiva marca que a Igreja Católica deixou em Montepuez (como em todos os territórios coloniais) – o ensino e a educação.
Sei hoje que a Igreja não foi, durante as últimas décadas do Império, uma força alinhada monoliticamente com os desígnios do Estado e que as fissuras que se tornaram conhecidas e evidentes a partir dos últimos anos da década de 60 já existiam à muito.
Penso, sem me apoiar em qualquer documentação histórica, que os Padres holandeses que dirigiam a Missão de São José não foram dos mais dóceis executantes da política “ultramarina” de Salazar.
Depois da Independência, a Missão parece ter sido “nacionalizada” e houve tentativas várias de a rentabilizar – desde artesanato até à hotelaria ( a Casa dos Padres chegou a ser uma Pensão!).
Agora, terá sido devolvida à Igreja.
E bem.
16.8.11
11.8.11
A Fábrica
A fachada da Fábrica.
Fiz menção de entrar mas fui dissuadido firmemente pelo João Junqueiro: "lá dentro é só cobras, já morreu gente".
Fiz menção de entrar mas fui dissuadido firmemente pelo João Junqueiro: "lá dentro é só cobras, já morreu gente".
Fábrica do arroz
A fábrica de descasque de arroz era, juntamente com a SAGAL, o mais importante empreendimento industrial de Montepuez (se é que havia qualquer outro).
Data dos anos 60 ou, talvez, do final dos anos 50.
O meu pai tinha já, no Natupile, uma engenho de descasque de arroz, uma maquinaria antiga e vetusta de que estávamos proibidos de nos acercar sozinhos.
A fábrica em Montepuez foi uma daquelas "loucuras" visionárias que o acometiam e que, não raramente, redundavam em desastre económico.
Mas desta vez, não.
Na foto vê-se o carro que a Paula, indomável exploradora, trouxe, com maestria e coragem, de Pemba. E de regresso!
A casa do Adone
A caminho da fábrica de descasque de arroz passa-se na casa do velho Adone, o italiano mais moçambicano da História.
Resisto a contar alguma das estórias que deixou para trás. Milhares delas mas, talvez, não tantas como os descendentes.
Agora, até há uma antena parabólica.
Se a visse, o Adone havia de fazer algum comentário escatológico...
Assinar:
Postagens (Atom)