Diana Andringa é
conhecida como uma grande jornalista e é também, coisa que menos gente sabe,
uma grande cineasta.
Nascida em 1947 em
Angola, no Dundo, sede da Diamang, daí saiu com onze anos, para a “Metrópole”,
como então se dizia.
Em 2009, cinquenta anos
depois, Diana voltou, pela primeira vez, à sua terra natal, acompanhada pela
filha. E filmou esse regresso em “Dundo, Memória Colonial”.
Com admirável
delicadeza e com uma ambivalência que ela própria reconhece,
a antiga activista
anti-colonial, presa pela PIDE pelo seu envolvimento com os Movimentos de
Libertação, "vai confrontar a memória" e, ao mesmo tempo,
passar o testemunho aà sua filha Sofia, inocente, esta, do "pecado
original" da felicidade infantil em terras de violência:
"Era bom ser
criança no Dundo, quando se era branca e filha de engenheiro. Havia espaço para
brincar, ruas para andar de bicicleta, animais, liberdade. E criados para nos
acompanhar e satisfazer os nossos caprichos. Era bom ser criança e não notar
como era artificial e injusto o mundo que nos cercava".
Como diz Jorge Martins
aqui : "regressou ao hospital onde nasceu e à casa onde viveu parte da
sua juventude plena de boas recordações e espantou os seus interlocutores com a
sua brancura africana. E, confesso, tenho uma enorme inveja de ver o
brilhozinho nos olhos de todos os portugueses que viveram em África (...)
quando recordam esses anos."
É verdadeiro, esse brilhozinho. Só ele pode explicar que
Diana Andringa, saída ainda criança da sua terra natal, depois de toda
uma vida (e que vida!) feita em Portugal, possa afirmar "agora volto porque o Dundo é a minha única
Pátria, a mais antiga das minhas memórias".
O filme existe em DVD.
Um comentário:
É, na verdade, uma foto histórica, a primeira vereação de Montepuez. A confirmação do municipalismo foi uma conquista dos moradores, que durante anos lutaram por pôr Montepuez no mapa. Além dos nomes que mencionas estão ainda o Dr. Pires (médico), o Villas-Boas e um tal Catuna que, creio, era transportador ou coisa assim. O Turita lembra-se dele melhor do que nós, com certeza.
Postar um comentário