11.10.11

Memoria colonial ( I )



Diana Andringa é conhecida como uma grande jornalista e é também, coisa que menos gente sabe, uma grande cineasta.



Nascida em 1947 em Angola, no Dundo, sede da Diamang, daí saiu com onze anos, para a “Metrópole”, como então se dizia.



Em 2009, cinquenta anos depois, Diana voltou, pela primeira vez, à sua terra natal, acompanhada pela filha. E filmou esse regresso em “Dundo, Memória Colonial”.



Com admirável delicadeza e com uma ambivalência que ela própria reconhece,

a antiga activista anti-colonial, presa pela PIDE pelo seu envolvimento com os Movimentos de Libertação, "vai confrontar a memória" e, ao mesmo tempo, passar o testemunho aà sua filha Sofia, inocente, esta, do "pecado original" da felicidade infantil em terras de violência:
"Era bom ser criança no Dundo, quando se era branca e filha de engenheiro. Havia espaço para brincar, ruas para andar de bicicleta, animais, liberdade. E criados para nos acompanhar e satisfazer os nossos caprichos. Era bom ser criança e não notar como era artificial e injusto o mundo que nos cercava".


Como diz Jorge Martins aqui : "regressou ao hospital onde nasceu e à casa onde viveu parte da sua juventude plena de boas recordações e espantou os seus interlocutores com a sua brancura africana. E, confesso, tenho uma enorme inveja de ver o brilhozinho nos olhos de todos os portugueses que viveram em África (...) quando recordam esses anos."


É verdadeiro, esse brilhozinho. Só ele pode explicar que Diana Andringa, saída ainda criança da sua terra natal,  depois de toda uma vida  (e que vida!) feita em Portugal, possa afirmar "agora volto porque o Dundo é a minha única Pátria, a mais antiga das minhas memórias". 


O filme existe em DVD.

Um comentário:

Aurélio Rocha disse...

É, na verdade, uma foto histórica, a primeira vereação de Montepuez. A confirmação do municipalismo foi uma conquista dos moradores, que durante anos lutaram por pôr Montepuez no mapa. Além dos nomes que mencionas estão ainda o Dr. Pires (médico), o Villas-Boas e um tal Catuna que, creio, era transportador ou coisa assim. O Turita lembra-se dele melhor do que nós, com certeza.