7.2.12

O soldado


Não conhecia esta fotografia.
Ademais, não me lembro de  qualquer referência, na família, ao serviço militar de meu Pai ou de ter ouvido histórias ou recordações  que, mais tarde ou mais cedo, quase sempre surgem na conversa de quem teve esse tipo de experiência e que começam, invariavelmente, pela frase “quando eu estava na tropa”.
Por isso, a foto intriga-me.
 Verso da foto com a assinatura de meu Pai 
Ela esteve, certamente, colada a um documento de que foi, depois, cuidadosamente destacada. Nota-se, na parte superior, a marca de um selo branco e, no verso, sob uma fina camada de papel que deve ter pertencido ao documento em que esteve colada, vê-se a inconfundível (para nós, a família) assinatura de meu Pai. 
Como já disse (Errâncias IV), meu Pai chegou a Moçambique em 1930. Tinha 17 anos.
A fotografia datará, portanto, de 32 ou 33.
A cor sépia, que é, de certo modo, a patine das fotografias, o capacete colonial, o tipo de uniforme e, sobretudo, o ar juvenil, quase adolescente, do soldado retratado e o seu olhar romanticamente perdido no horizonte, tudo isso me remete para uma época muito distante, para o universo aventuroso  das “Minas de Salomão” ou de “O Fantasma, o Duende que Caminha”.
É uma bela fotografia.



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