2.11.11

SAGAL



A SAGAL (Sociedade Agrícola Algodoeira) foi criada em 1933, tendo a sede em Porto Amélia e uma das suas duas fábricas de descaroçamento e prensagem em Montepuez.
A seguir à I Guerra (14-18), viveu-se internacionalmente um período que muitos chamam “euforia algodoeira”. Embora esse clima “altista” da cotação internacional do algodão já estivesse em declínio a partir dos anos 20, só a introdução pelo salazarismo de uma certa “racionalidade” económica na exploração colonial levou a que novas formas de organização do mercado algodoeiro, pelo que foi já num período post-“euforia” que foram constituídas as chamadas “companhias concessionárias” e lhe foram atribuídas funções de monopólios regionais para a comercialização desta matéria prima.
O sistema assentava numa forma de cultura obrigatória na zona atribuída à companhia; a cada cultivador individual era dado, no início da campanha, uma certa quantidade de semente e, após a colheita, eram organizados “mercados” onde o algodão era obrigatoriamente vendido à concessionária a um preço fixado pelas autoridades.
Não admira que, numa economia quase primitiva como era a de Cabo Delgado e num sistema que, na prática, configurava “trabalho forçado”, o algodão tivesse sido, durante muitos anos, a cultura de rendimento e exportação de maior valor.
Só nos primeiros anos da década de 60, com as alterações legislativas provocadas pela consciencialização que o início da luta armada trouxe à política colonial, foram introduzidas tímidas reformas que atenuaram os aspectos mais crus e retrógrados do sistema das concessionárias.
Em Montepuez, embora odiada e temida pelas populações locais que só aceitaram o sistema de cultura obrigatória devido à violência e à repressão, a SAGAL foi, de longe, o mais importante empregador, a primeira (e determinante) unidade industrial e promotora de um certo tipo de modernização.
A sua influência fazia-se sentir em todo o então Distrito de Cabo Delgado e, na zona de Montepuez, tinha unidades agrícolas e industriais em Balama, Namuno, Meloco, Namara e Mesa.


2 comentários:

Mmiguel disse...

só faltou dizer que bom foi a escravatura para os africanos... se não fosse a escravatura esses povos nunca evoluiriam...wtf

ARD disse...

Sabe ler?
Leia o q o
Post diz sobre trabalho forçado e sobre a luta armada.
Convém ler bem antes de mandar bocas.